claudemir pereira

Tucanos e emedebistas, a união a caminho, apesar dos históricos

A história de que o governador Eduardo Leite (PSDB) gostaria de ver o ainda presidente da Assembleia, Gabriel Souza, do MDB, como candidato ao Piratini, com o apoio de um vice (ou até de nome para o Senado) dos tucanos, se não é verdadeira, ao menos levou a movimentos interessantes. Um foi a visita ao palácio do presidente emedebista e também pretendente à candidatura, Alceu Moreira.

Aliás, são justamente esses os dois nomes que ponteiam, até aqui, a disputa interna no MDB gaúcho, em prévias marcadas para 19 de fevereiro. E que tem a próxima sexta, 3, como data máxima para a inscrição dos pretendentes. É onde entram os ditos históricos do partido e que têm como líderes, entre outros, Marco Alba, Sebastião Melo e Cezar Schirmer.

Ninguém deles diz publicamente, mas é fato que não querem a aliança com o PSDB. Ainda têm os resquícios da campanha passada, em que o confronto foi justamente contra os tucanos e não foi exatamente santo. Mas, e daí? Daí que a cada dia que passa fica claro que os ditos históricos, exceto por Cezar Schirmer, não têm candidato viável à prévia. E o ex-prefeito santa-mariense quer mesmo concorrer?

O fato é que, gostando ou não, esse grupo da história passada emedebista, se não conseguir convencer (e isso parece virtualmente impossível, hoje) José Ivo Sartori, e assim evitar as prévias, terá de conviver com a pré-candidatura ao Piratini de Gabriel Souza ou Alceu Moreira e encarar um fato que a cada dia parece mais inevitável: a aliança tucano-emedebista. Ou vice-versa.

E AQUI? - Não se sabe quantos schirmistas "raiz" ainda existem em Santa Maria. O colunista lembra dois, apenas, entre graúdos. Devem ter outros. Mas todos estão quietos. E até, parece, preferindo prudentemente esperar para ver - ainda torcendo que não prospere a união com os tucanos, rejeitada por eles e Schirmer, mesmo que a cabeça da chapa seja do MDB.

Já do lado tucano, incrivelmente, embora a posição subalterna na chapa em gestação (pelo menos na cabeça de Eduardo Leite e grandões emedebistas), não parece haver tanto pavor assim com a possibilidade.

Ainda que, registre-se, com todas as forças possíveis seguirão tentando demover o atual governador de não concorrer à reeleição. E, como falou um grão-tucano ao escriba, o PSDB lavaria as mãos: "deixa que o MDB se resolva. Aí, será problema deles definir o que vão fazer em Santa Maria. Por nós, não haveria problema".

Mais um "não" do Heinze e os "Germanos"

NÃO E NÃO. Volta e meia, meia volta e surgem boatos acerca da possível desistência da candidatura de Luiz Carlos Heinze (foto), do Progressistas, ao Governo do Estado. A verdade é que há grande preocupação no lado destro da política gaúcha, especialmente entre a sua porção bolsonarista, com uma possível divisão de votos entre o senador e o deputado federal (e ainda ministro do Trabalho), Onyx Lorenzoni, que concorrerá pelo PL - o partido do presidente da República, que buscará a reeleição.

Nos últimos dias, dava-se como "certo", nos bastidores, que Heinze aceitaria ser ministro da Agricultura por certos oito meses (e mais, se Bolsonaro se reeleger) e o PP indicaria o vice de Lorenzony. O próprio pré-candidato veio a público: não, não e não. É candidato. E acabou. O colunista acredita nisso. Mas tem certeza que outros boatos surgirão, inclusive depois da aprovação dos nomes em convenção. Dependerá apenas de resultados negativos de pesquisas. A conferir.

OS GERMANOS. Semana passada, o colunista, ao listar os nomes da região central que já presidiram a Assembleia Legislativa, deu conta que José Otávio Germano (foto), atual prefeito de Cachoeira do Sul, também foi vice-governador gaúcho, "secundando Antônio Britto".

Quem tem amigos, e leitores atentos, tem tudo. A correção veio de Lisandro Santos Machado, santa-mariense que mora em Cachoeira há 12 anos e segue leitor deste escriba - apesar deste ter confundido "os Germanos".

Na verdade, quem chegou a vice-governador do Estado, do então governador Amaral de Souza (entre 1979 e 1983), foi o pai de José Otávio. E que se chamava Otávio Germano, graúdo militante, sendo até presidente, da então Arena, partido defensor do regime autoritário, e que morreu em 15 de março de 2015.

Para fechar o ciclo confessional: José Otávio não foi vice-governador, mas bem que tentou. Concorreu ao cargo, e sim, com Britto na liderança da chapa. Ambos perderam para Olívio Dutra, em 1998.

Lula e Ciro estão no centro do debate, na formação das federações
Há expectativa em torno de pedido feito pelo PT ao Supremo, para que os partidos tenham até julho para acertar as federações. Uma decisão do STF deve sair quarta-feira, mas é improvável que mude. Assim, os interessados têm só até 1º de março para se definir.

O leitor da coluna há um tempão já acompanha essa discussão. E sempre é bom lembrar a diferença entre coligação e federação.

Na primeira, o interesse é meramente eleitoral e cessa com o pleito. Acordos não implicam casamento no governo ou oposição. Na segunda, por quatro anos (o que significa valer para 2024, por exemplo), os partidos funcionarão como um só, com direção, liderança e etc. Há, neste momento, ao menos três federações em discussão e que poderão até ser desmembradas ou mesmo não se concretizarem.

Uma é a que uniria o PSol e o Rede. Está difícil, pois o primeiro se encontra à beira de aderir à candidatura Lula e o segundo mostra-se bastante dividido entre apoiar o petista ou o pedetista Ciro Gomes. Mas ainda não foi inviabilizada.

Outra, em debate há mais tempo, e com claras implicações locais, uniria PT, PSB, PC do B e, talvez, também Solidariedade e PV. Essa ainda pode sair, mas não com todos. E até gerar duas federações diferentes. Ou nenhuma.

Nesta semana, surgiu a informação de uma terceira (que pode ser a quarta). Seria entre o PSDB e o Cidadania, que discutem a possibilidade em nível nacional.

Isso é o que vale hoje. Amanhã, quem sabe?

LUNETA

TRAIÇÃO
Há apenas quatro "clientes" locais que podem se beneficiar do mês da traição, em março. Nele é possível ao noivo pular a cerca e trocar o partido pelo qual se elegeu, por outro, quem sabe mais amoroso eleitoralmente. São os deputados (federal) Paulo Pimenta, (e estaduais) Giuseppe Riesgo, Roberto Fantinel e Valdeci Oliveira. Ao que se sabe, nenhum deles se mostra disposto a mudar de casa.

TRAIÇÃO II
Vereadores que quiserem mudar de par terão de esperar o seu próprio mês da traição. No caso, março de 2024, seis antes do pleito municipal. Aí, e Santa Maria tem sido pródiga nesse tipo de atitude, a troca poderá acontecer sem risco de perda do mandato, que seria a pena para os "infiéis", para usar uma expressão mais branda. E é o distinto público eleitor que fará o julgamento. E absolverá. Ou não.

AÍ, PODE!
Só há duas possibilidades de troca de partido por edil (e não seria "traição"). É quando a sigla que o elegeu morrer, casos do DEM (Manoel Badke) e do PSL (Tony Oliveira). Um vai ao PL, outro ao Podemos. A outra chance, para os demais vereadores, é aderirem à agremiação surgida da fusão DEM/PSL. Sim, filiarem-se ao União Brasil. Aí serão fundadores e, nessa condição, estarão salvos. Quem se apresenta?

CORSAN
Por conta do discurso, e da prática também, o atual prefeito de São Sepé, João Luiz Vargas (PDT), volta ao protagonismo estadual. Ele é uma espécie de líder da resistência das cidades (sobretudo as menores) contrárias à privatização da Corsan. Aliás, é um dos que não assinaram o aditivo ao contrato, como pretendia o Piratini. Onde isso vai dar? Poucos sabem, mas o pedetista encontrou seu lugar nessa história.

PARA FECHAR!
Bancada do Novo, incluído Giuseppe Riesgo, firmou decisão contrária e vota contra a escolha de Valdeci Oliveira para presidir a Assembleia. Atenção aos que criticam a posição do novista da comuna: não é proibido, mas não utilize o raso argumento da naturalidade. Afinal, a disputa não é cidade contra cidade. Sim, se trata de política. Concorde ou não. Mas escolha bem o argumento.

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